Hoje no “De dentro para fora” entrevista a Marcelo.
ACG: Marcelo agradecemos-te o tempo disponibilizado para esta entrevista, vamos começar pelo teu processo de entrada no clube, houve algumas reticências de tua parte até decidires representar o clube, reconheces que foi difícil convencer-te?
Marcelo: Desde já quero agradecer o convite para fazer esta entrevista. Digamos que foi um bocado difícil, porque como toda a gente sabe não é nada fácil jogar num campo que tem umas certas características como o nosso, mas sendo eu um “filho da terra ” não poderia rejeitar o convite, e é com muito orgulho que represento esta enorme instituição.
ACG: Em algum momento no desenrolar da época te arrependes te dessa decisão?
Marcelo: Nunca, houve fases más como por exemplo a primeira metade da época não ter corrido como nós desejávamos, mas também houveram muitas fases boas, como por exemplo conhecer um grande grupo de trabalho, em que somos todos unidos e procuramos sempre o melhor uns dos outros, e acho que esta decisão que tomei fez-me crescer bastante como jogador mas principalmente como pessoa.
ACG: Foi uma primeira volta bastante má que nos afastou de estar a lutar neste momento pelos lugares da frente, mas fica a sensação com a atual constituição do plantel podemos bater qualquer adversário não achas?
Marcelo: Sim, sem dúvida que temos equipa para bater qualquer equipa da nossa divisão e até equipas de divisões superiores, já o demonstramos em campo. Temos uma equipa humilde, trabalhadora e com muita qualidade, o que não é fácil encontrar nestas divisões, e por isso mesmo acho que fica o sentimento de revolta por não estarmos nos lugares cimeiros.
ACG: Falando agora em termos individuais, tu como toda a equipa tiveram uma grande mudança a nível de compromisso a partir de determinado momento da época, mas dois castigos seguidos retiraram-te 5 jogos, mas regressas forte outra vez, concordas?
Marcelo: Sim, foram duas atitudes infelizes que tive e as duas foram bem sancionadas na minha opinião. Eu vivo muito o futebol, não gosto nada de perder, e acho que isso por um lado é mau, porque me torno muito impulsivo, mas isso também é fruto de alguma imaturidade e estou aqui para aprender com os meus erros e não voltar a cometê-los.
ACG: Estando tu ainda numa fase de maturação visto que é somente a tua segunda época como sénior, os minutos e a responsabilidade que em ti é depositada de seres o líder da linha defensiva deve estar a fazer com que cresças mais rápido enquanto jogador sentes isso?
Marcelo: Sim, este ano estou a aprender bastante, estou com uma maneira de ver e jogar futebol muito diferente das outras épocas, isto porque sinto que a equipa técnica e os meus colegas depositam muita confiança em mim e no meu trabalho a coordenar a defesa. No meu ver tenho uma personalidade forte, gosto de ter a função de mandar e orientar a defesa o que não é um trabalho fácil, porque quem normalmente ganha os jogos é quem comete menos erros, e nós na defesa somos os últimos membros de uma equipa e temos de ter sempre muito concentrados é uma grande responsabilidade.
ACG: Na última época houve jogadores que se evidenciaram e saíram ou deram o salto para clubes da Pro Nacional, sentes que o AC Gonça potencializa e projecta bem os seus jogadores?
Marcelo: Penso que sim, mas como tudo na vida temos de trabalhar, ser humildes e bastante persistentes no nosso sonho, porque por vezes o futebol é ingrato, e nós temos de ser fortes psicologicamente para não desistir, é como um “velho sábio ” diz, às vezes mais vale dar um passo atrás para depois podermos dar dois passos à frente, e eu tenho essa frase bem ciente na minha cabeça, o AC Gonça está a ser um bom clube para eu me afirmar e ganhar de novo confiança em mim próprio.
ACG: Olhando que na época passada representaste um clube de uma divisão superior um clube num contexto diferente e com melhores condições, neste momento, que o AC Gonça, mesmo assim o que podes apontar de positivo no nosso clube?
Marcelo: São clubes muito diferentes, o que difere muito o AC Gonça das outras equipas é sem dúvida a massa associativa. Eles são incomparáveis, eles estão sempre ao nosso lado e independentemente do resultado eles nunca nos abandonam e isso dá-nos mais vontade e garra para ganharmos o máximo de jogos possível para os fazermos os nossos adeptos felizes, é realmente diferente de todas as outras, faz-se sentir em todos os jogos quer em casa como fora.
ACG: Para terminar Marcelo, caso tivesses de convencer alguém para representar o nosso clube, esse era o único ponto positivo que referias?
Marcelo: Não, podemos não ter um campo sintético e até podemos jogar na 1°divisão, mas é um clube muito bem organizado, e um clube em que as pessoas que estão envolvidas (direção) sempre nos apoiam e não nos deixem que falte nada, fazem tudo na medida que podem para termos o máximo de condições possíveis, o grupo (equipa) é muito bom e integra os novos jogadores muito rápido, digamos que no fim até se acaba por formar mesmo uma família.